segunda-feira, 23 de abril de 2012

Baltasar Lopes

Selo Postal no valor 60$00 com a imagem de Baltasar Lopes

" (...) linguista, filólogo, romancista, ensaísta e poeta (...) um dos maiores vultos intelectuais do espaço do Português (...) doutor Honoris Causa pela Faculdade de Letras de Lisboa (...)"
(in Entrevista de Fernando Assis Pacheco com adaptação de Liliane Reis)

Baltasar Lopes da Silva, nascido a 23 de Abril de 1907 na aldeia de Caleijão em São Nicolau e falecido a 28 de Maio de 1989 em Lisboa, foi e é uma das maiores figuras a nível da literatura cabo-verdiana e também referência de professor, pelo que o dia do seu nascimento foi dedicado ao professor, figura na qual Baltasar se caracterizava.

Desde sempre foi um excelente aluno, tendo feito inicialmente o seminário em São Nicolau e depois continuado os seus estudos secundários em São Vicente. Seguiu para Lisboa com o intuito de terminar o secundário e ingressar na formação superior, porém devido ao atraso da sua chegada só pôde inscrever-se em Letras, um caminho oposto o qual sentia vocação, que era medicina.  Ingressou no curso de direito, todavia não lhe agradava a política da época pois a justiça estava ao mercê do Ministério da Justiça e o Ministério do Ultramar, pelo que decidiu inscrever-se no curso de Filologia Românica, tendo ficado como aluno voluntário em direito e aluno ordinário nem letras e, terminado o curso de letras dois anos após término do curso de direito.

"Auscultei-me, auscultei-me, até que um dia cheguei à conclusão: eu gosto é de ensinar. Ser professor." (Baltasar Lopes in Entrevista de Fernando Assis Pacheco)

Imagem Baltasar Lopes

Após término dos seus estudos, Baltasar regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de professor no Liceu Gil Eanes em São Vicente, tendo sido nomeado uns anos mais tarde Reitor deste estabelecimento de ensino. Exerceu as profissões de professor e advogado, tendo defendido casos de heranças e entre outros que se destacavam na época do Capitão Ambrósio. Devido a problemas de saúde, doença cerebrovascular, este teve de viajar para Lisboa, tendo falecido em 1989.

Tenho um capital: os milhares de ex-alunos."
(Baltasar Lopes in Entrevista de Fernando Assis Pacheco)


Ainda em vida, em 1936 Baltasar Lopes juntamente com Manuel Lopes, Manuel Ferreira, António Aurélio Gonçalves, Francisco José Tenreiro, Jorge Barbosa e Daniel Filipe fundaram a Revista Claridade, um dos maiores movimentos da Literatura Cabo-verdiana. Claridade era uma revista de poemas, ensaios e contos que denunciavam os problemas que o país sofria na altura, sendo estas a seca, fome, emigração e entre outros. Esta atitude de revelar os problemas não se revelava somente nas revistas mas também em suas obras literárias, sendo de destaque o romance Chiquinho, seu primeiro livro e único romance publicado em 1947.

Como estudioso e linguista, Baltasar fez estudos do crioulo, o ensaio O dialecto crioulo de Cabo Verde(1957), organizou uma Antologia da ficção cabo-verdiana contemporânea (1961). Também escreveu textos polémicos, sendo este a critica à visão com que o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre ficou do arquipélago, Cabo Verde visto por Gilberto Freyre (1956).

No que concerne à figura de contista e poeta, publicou os contos Os trabalhos e os dias (1987) e a colectânea de poemas Cântico da manhã futura (1986). Como poeta Baltasar vestia-se na pele de outra personagem, auto-denominava-se de Osvaldo Alcântara (pseudónimo).

Baltasar Lopes, símbolo de Cabo Verde, não só a nível da literatura, mas principalmente a nível do ser cabo-verdiano. Homem defensor da  cultura cabo-verdiana, um típico cabo-verdiano lutador, dinâmico e que procura melhorar as condições deste pequeno arquipélago no meio do atlântico.

"Pela simplicidade dele, testemunha a seguinte história contada em Santo antão" Baltazar Lopes casou com a teresinha de Ribeira das patas em Santo Antão, e trabalhou no Porto Novo,e certo dia ele vinha da Rª das Patas para o Porto Novo um homem com muitas cargas disse-lhe companheiro ajuda-me a levar esse feixe de palhas, e o Baltasar pegou do feixe e levou-o até a entrada do Porto Novo, e quando entregou o feixe ao homem este agradeceu-lhe e perguntou-lhe o nome, e o Baltasar respondeu-lhe Baltazar Lopes da Silva . E o homem disse meu Deus como é possível, pedi ajuda ao Sr juíz, mas que simplicidade! " (Conceição Reis)

Nota de 500 ECV com imagem de Baltasar Lopes (retirado de circulação)


Fontes:

Entrevista de Fernando Assis Pacheco a Baltasar Lopes


Texto de Liliane Reis

sábado, 21 de abril de 2012

Milho

Espigas de Milho

Já se falou da Cana-de-Açúcar em Cabo Verde, mas não podemos deixar de abordar o tema "Milho", milho verde, farinha de milho o que for, que se encontra na base da dieta/alimentação cabo-verdiana.

Plantação de Milho em João Teves - Santiago
O milho é produzido em Cabo Verde e utilizado tanto na nossa alimentação como também como ração para animais, sendo um alimento bastante nutritivo, uma grande fonte de energia, consumido tanto no estado original como transformado.

Brasão de Cabo Verde
A planta do milho pode atingir até 2.5m dependendo da variedade,em Cabo Verde normalmente o cultivo é em sequeiro, existindo algumas variedades de milho como por exemplo o milho branco.

Tendo, Cabo Verde, em 2010 produzido 7 000 toneladas de milho, como o principal produtor a ilha de Santiago, seguido da ilha do Fogo. Sendo de se referir que o cultivo do milho permitiu a fixação do Homem nas ilhas de Cabo Verde, tornando-se um simbolo do país, da nossa resistência e luta, pois muitos plantam o milho em locais íngremes ou com poucas possibilidades de exito, na esperança de ter exito, o que leva o milho a ter um lugar especial no brasão de armas de Cabo Verde.

Em Cabo Verde o milho é utilizado das seguintes formas:
  1. Cru - ração de animais, grãos para o cultivo
  2. Espiga de milho verde - fervido ou assado para comer
  3. Grãos verde- cachupinha, cozido, 
  4. Grãos secos  - cachupa
  5. Farelo - ração de animais
  6. Milho torrado - camoca e   "milho em grão"
  7. Farinha - papa, bolos, cuzcuz cabo-verdiano, pastel, filhós, pão, xerém, sopa de rolon, funginho de milho, gufongo, 
  8. Espiga - colchões, tipo rolha, "lenha", 
  9. Barba de milho - chá de barba de milho, enchimento de bonecas de trapo tradicionais

Milho cru

Milho
O milho no estado natural, cru, sem nenhuma transformação é utilizado como ração animal para galinhas, patos, etc. E parte, os indicados, para o cultivo do ano vindouro.

Espiga de milho

Espiga de milho assada
A espiga de milho verde, normalmente é utilizada na alimentação, assadas ou fervidas, comidos como vegetal.

Grãos de milho verde

cachupinha
Retira-se o milho verde da espiga, e este é utilizado para cozer e comer como vegetal, ou ainda em cachupinha, sendo ainda uma parte separada para secar.

Grãos de milho seco

Embalagem de Milho para Cachupa de Sabor di Terra.
Depois de seco o milho passa pelo pilão (almofariz de madeira), e retira-se o farelo,sendo os grãos usados na gastronomia, como a cachupa e torrado para "milho em grão" e camoca.

cachupa

Farelo de milho

farelo de milho
O farelo do milho, normalmente é utilizado como ração animal, como por exemplo para o porco. O farelo normalmente é retirado após o milho passar pelo pilão e peneirado.

Milho torrado

Camoca/Kamoka marca Fama

O milho em seco após retirar-se o farelo é torrado, passando para o estado de  "milho em grão", que de seguida é moído, transformando-se em camoca.

Mousse de camoca.

Farinha de milho

Pastel de Milho
A farinha de milho, é o resultado da moagem do milho, é utilizada na gastronomia, em bolos, cuzcuz cabo-verdiano, filhós, pastel de milho, pão de milho, xerem, sopa de rolon, papa de milho

Cuzcuz

Espiga de milho


Os restos, as espigas sem os grãos de milho, folhas e restos da planta, por vezes acabam por ser reciclados, dando origem a colchões tradicionais, ou ainda utilizados como rolhas em garrafões, como lenha ou acendalha.

Barba de milho

Embalagem de Barbas de Milho para chá
A barba de milho é usado para o chá de barba de milho, muito bom e benéfico para a saúde, é também utilizado como enchimento para bonecas de trapos tradicional.

Curiosidades acerca do milho


Existem inúmeras variedades de milho, desde o negro ao branco.

variedades de milho
Fontes:

* Cabo Verde: insularidade e literatura de Manuel Veiga
* Wikipedia
Texto de Ivanethe Almeida dos Reis 


segunda-feira, 16 de abril de 2012

A SERENATA


Vestida de gemidos de bordão,
lancinâncias de violino,
na noite parada
vem descendo a seresta.

Sumiu-se a cidade barulhenta
inimiga das crianças e dos poetas.

Uma voz canta sentimentalmente um samba.
                   Aquele aperto de mão
                   não foi adeus!
Os cavaquinhos desmaiam de puro sentimento,
a cidade morreu lá longe,
e a lua vem surgindo cor de prata.
                   Nessa história de amor todos são iguais,
                   até o rei volta sua palavra atrás...
O meio tom brasileiro deixa interrogativamente a sua nostalgia.
                   É hora que os poetas escolheram
                   para a procura dos seus mundos perdidos...
Amanhã a cidade virá novamente
inimiga dos poetas.
Mas agora ela dorme,
ela não sabe que os poetas falam com Nossenhor,
com a lua e as estrelas,
nesta hora tão lírica...
Menina romântica, irmã
das crianças e dos poetas...
A tua janela, florida de esperanças,
é um mistério que a cidade não entende.
Passa a serenata.
Mas no coração dos que temem a primeira luz do dia que vai chegar
ficam os gemidos do violão e do cavaquinho,
vozes crioulas neste noturno brasileiro
de Cabo Verde.

Osvaldo de Alcântara
(pseudónimo poético de Baltazar Lopes da Silva)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sexta Feira 13


Lua Sonâmbulo
Pistola assassina
Estrada que fala
Vitória sem glória

Lua vagabunda
Choro da noite
Terra consciente
Mar traiçoeiro

Casa habitada
Porta de vento
Telhado escuro

O subir para baixo
O andar para trás

O eco do nada

Um mudo
Um surdo
Um cego
Uma só fala.

Adaptação do poema "Sexta Feira 13" de Valdirdivad do livro " A insularidade"

sábado, 7 de abril de 2012

Nhô Ambrose - Mindelo


Foto Arquivo Histórico Nacional (AHN), Praia
Capitão Ambrósio

1                                                      2

Bandeira                                           Mãos erguidas
Negra bandeira                                  Em força, duras, erguidas
Bandeira negra da fome.                   Pés marcando a revolta
Em mãos famintas erguidas              O povo marcha na rua.
Guiando os passos guiando
Nos olhos livres voando                     Vai na frente o Ambrósio
Voando livre e luzindo                       Mulato Ambrósio guiando
Inquieta e livre luzindo                      Leva nas mãos a bandeira.
Luzindo a negra bandeira                  Pesada e fria é a noite
Clara bandeira da fome.                    Injusta e amarga é a fome
                                                          Mas vai na frente o Ambrósio
                                                            .....................................

3                                                      5

Foi um minuto.                                 .....................................
Veio o vento e passou.
Mulato ambrósio foi preso                  Capitão Ambrósio chegou!
Julgado e preso o Ambrósio               Chegou o Ambrósio chegou!
Preso para longe o Ambrósio
Mandado para longe o Ambrósio.
Longe do povo o Ambrósio.
Mas a banceira ficou.
Morreu e foi enterrado
Mas a bandeira ficou

"Capitão Ambrósio", in Ladeira Grande. Antologia Poética, 1993

Mais no Blog "A Esquina do Tempo".

Estreia do filme cabo-verdiano "Tu És Um Português"

Cartaz do filme " Tu És Um Português"

"Tu És Um Português" é uma Curta Metragem produzida e realizada por alunos do 4.º ano de Ciências da Comunicação, Vertente Audiovisual e Multimédia da Universidade Lusófona de Cabo Verde. Um drama que conta a história de um português que chega à cidade do Mindelo e apaixona-se por uma mulher. Um poema mindelense para um amor impossível. Baseado no conto, de mesmo nome, de Eileen Almeida Barbosa.

Género: Drama

Duração: 30 min
Clssificação: M/12
Ano de Produção: 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

Miss CPLP 2012


Uma oportunidade para as beldades da CPLP, para as mulheres provenientes dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, nomeadamente Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, Brasil, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Se residem em Portugal inscrevam-se no concurso e tenham a oportunidade de vir a ser a miss CPLP, a musa de expressão portuguesa.

Mais informação no site oficial Miss CPLP 2012, e ainda o convite oficial para as beldades da CPLP.



"Mulher de atitude, bonita, Sabe o que quer, arrisca quando tem de arriscar, A mulher ANGOLANA, BRASILEIRA, CABO-VERDIANA, GUINENSE, MOÇAMBICANA, PORTUGUESA, SÃO-TOMENSE E TIMORENSE é mais do que apenas bela, a nossa MULHER precisa saber o quanto é o tamanho de seu ENCANTO. Para todas as MULHERES DE LÍNGUA PORTUGUESA partecipa do concurso MISS CPLP 2012 já começaram as pré-inscrições basta aceder ao site www.misscplp.com " (Miss CPLP 2012)

Texto de Ivanethe Almeida dos Reis



Pauta SODADE















[1]
Ken mostró-be ese kaminhu longe
Ken mostró-be ese kaminhu longe
Ese kaminhu pa San Tomé

[Refrão] 
Sodade, sodade
Sodade dese nha terra San Nikolau

[2] 
Si bu skrebê-me n'ta  skrebê-be
Si bu skesê-me n'ta skesê-be
Até dia ki bo volta

[Refrão]
Sodade, sodade
Sodade dese nha terra San Nikolau




Letra de acordo com ALUPEC